Do caos à normalidade: como a vacinação trouxe esperança para a população

Em março de 2020, como ao virar a página de um livro, os brasileiros iniciaram um novo capítulo de vida, porém um tanto aquém do que gostariam. Com o avanço da pandemia do Coronavírus, novos hábitos tiveram que ser incorporados e viraram rotina na vida de todos. Como se não bastasse, além dessas novas regras necessárias para a contenção de um vírus, milhares de vidas foram impactadas e, naquele momento, uma perspectiva de melhora e, principalmente, o retorno da normalidade pareciam muito distantes. No entanto, a solução surgiu e, assim como em outros momentos, a vacinação trouxe a esperança à população. Mas, afinal, por que devemos nos vacinar e manter a carteira de vacinação sempre atualizada?

Embora a notoriedade no momento seja do vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19, outros microrganismos já resultaram em sérias consequências para a população, ocasionando óbitos e sendo controlados, atualmente, graças a vacinação. Assim, se hoje doenças como a varíola – responsável por causar milhares de mortes, sendo considerada a primeira epidemia da história a chegar em solo brasileiro – está erradicada no mundo todo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), isso se deve as grandes campanhas de vacinação.

a vacinação em crianças é fundamental
A queda da vacinação em crianças é um dado preocupante, tendo em vista a importância da vacina na erradicação de diversas doenças.

Além disso, outras doenças como a poliomielite e o sarampo também já mostraram o poder da vacinação. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil não registra casos de paralisia infantil desde 1990, sendo que em 1994 o país recebeu a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). No entanto, a baixa vacinação contra a Pólio já causa ameaça e acende um alerta no mundo todo, com riscos de uma possível volta de doenças já erradicadas. Inclusive, de acordo com reportagem da BBC News, o Brasil faz parte da lista de países com alto risco de volta da pólio. Já no caso do Sarampo, em 2016 o Brasil chegou a receber o certificado de eliminação da doença, pela Opas, mas perdeu em 2018 por conta de um novo surto.

Desse modo, a disseminação de notícias falsas sobre a segurança das vacinas, bem como a impressão infundada de que essas doenças já deixaram de existir, são as causas mais apontadas para a queda nas taxas de vacinação. De acordo com o Instituto Butantan, com informações do DATASUS, a cobertura vacinal, principalmente do público infantil, vem sofrendo fortes quedas nos últimos anos. No ano passado, o índice de vacinação esteve em 60,7%, enquanto que o ideal deveria ser acima de 90%.

Assim, dados como esses preocupam, visto o risco eminente de novos surtos de doenças, já que a vacina é o meio mais eficaz no combate e controle de vírus e bactérias. Ou seja, as vacinas funcionam estimulando respostas do sistema imunológico, ativando o organismo a produzir anticorpos para matar rapidamente vírus e bactérias, trazendo proteção contra determinada doença.

No entanto, cada vacina possui um nível de proteção, bem como um determinado tempo de duração, por isso, algumas necessitam de reforço e outras garantem imunidade para o resto da vida. Além disso, o outro ponto que vale enorme destaque, mencionado anteriormente, é a importância do maior número de pessoas estarem vacinadas.

A vacinação e o combate a pandemias
A vacinação é um gesto coletivo que colabora para a redução na circulação de um determinado agente causador de doenças.

Sendo assim, devemos nos vacinar porque o objetivo é reduzir ao máximo o risco de exposição a infecção, ou seja, a vacinação não protege apenas as pessoas que tenham sido vacinadas, a vacina protege indiretamente aqueles que ainda não foram ou não podem ser vacinados. Portanto, quanto mais pessoas vacinadas, a circulação do agente causador da doença cai, protegendo toda a população. Mas, para isso, é necessária uma porcentagem considerável de pessoas vacinadas, o que varia de acordo com a vacina.

Com o exemplo mais recente do Coronavírus, mais uma vez a vacina veio para ser a esperança da população, principalmente visando à retomada das atividades. À medida que a vacinação foi avançando no país, já foi possível notar os seus impactos. Em maio de 2021, um estudo da Universidade Federal de Pelotas apontou queda nas mortes de idosos acima de 80 anos, um percentual que passou de 28% para 13% entre essa faixa etária. Pouco tempo depois, em julho, o Brasil já registrava uma queda de 40% em casos e óbitos por Covid-19. Já ao final de novembro, o Instituto Butantan publicou um estudo indicando redução em 80,5% o número de casos de Covid-19 e em 94,9% as mortes causadas pela doença. Já em janeiro de 2022, após novo surto da doença em decorrência de uma nova variante, dados da FioCruz apontaram que mais de 80% dos internados eram de não vacinados.

Assim, após cerca de dois anos, em março de 2022, grande parte dos estados brasileiros liberaram o uso de máscaras, mais uma vez graças ao avanço da vacinação e a redução na circulação do vírus. Desse modo, cabe agora a todos a continuidade da atualização das vacinas, respeitando os calendários de vacinação e, principalmente, não permitindo que o Sars-CoV-2 e demais vírus voltem a circular com intensidade, trazendo caos à uma população que vive dias em busca de esperança.

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